Volume 16 no ar

2022-02-05

A partir do presente ano (2022), a Revista Caminho Aberto inaugura uma nova etapa, adotando o fluxo contínuo de recebimento e publicação de volume único anual. Após a aprovação de dois(duas) avaliadores(as) em sistema duplo-cego, revisão ortográfica e diagramação, a submissão será publicada na página do periódico sem a necessidade de aguardar o fechamento de um número. Pretende-se, com essa modificação, agilizar a publicação de novos artigos para disponibilizá-los o mais rápido possível para seus potenciais leitores.

O primeiro bloco de publicações do volume 16 traz artigos e relatos de experiência fruto da práxis extensionista desenvolvida em diversas regiões do Brasil. Muitas destas intervenções foram executadas em contextos adversos, por conta da emergência sanitária ainda em curso no planeta. Ao analisar os diferentes pressupostos epistemológicos que conduziram a ação dialógica junto à comunidade externa à universidade, sua natureza inter e multidisciplinar nos convida a referenciar o conceito de rizoma formulado pelos filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari (2000).

Embebido por esse conceito, nosso editor de comunicação, Glauco José Ribeiro Borges, desenvolveu na capa desta edição uma iconografia rizomática, tendo por base a concepção imagética da sociedade em rede, teoria desenvolvida pelo sociólogo Manuel Castells (2019). O pesquisador foi um leitor assíduo dos escritos de Deleuze e Guattari, especialmente no período em que se refugiou em Paris, fugindo dos assombros que o regime franquista provocara na Espanha na década de setenta do século XX.

Editar uma revista interdisciplinar que acolhe as oito áreas temáticas da extensão universitária não é tarefa simples. Por isso, o leitor deve encarar esse volume como uma sistematização de um rizoma em construção, bem ao estilo da filosofia deleuziana. Um rizoma que, aberto, é: “conectável em todas as suas dimensões, desmontável, reversível, suscetível de receber modificações constantemente. Uma das características mais importantes do rizoma talvez seja a de ter sempre múltiplas entradas” (DELEUZE; GUATTARI, 2000, p. 22).

Durante esse período em que estou à frente do fluxo editorial da Revista Caminho Aberto, venho constatando que um dos maiores desafios do editor é impulsionar uma nova práxis, capaz de potencializar a reflexão e a ação. Uma práxis que possa promover uma educação livre, capaz de captar as ortodoxias e os ceticismos disfarçados de conhecimento.

Fazer extensão, nesta perspectiva, é intervir na sociedade educando para a cidadania. “Educar um cidadão é cultivá-lo, ensinar-lhe a pensar e raciocinar por si mesmo, libertá-lo da tirania dos costumes, convenções e preconceitos, mostrar-lhe que vive em um mundo hipercomplexo e ajudá-lo a imaginar as visões da realidade do outro, sobretudo dos mais desfavorecidos, os que não têm voz”[1] (AGUILERA-PORTALES, 2022, p. 36).  

Convido-os à leitura!

https://periodicos.ifsc.edu.br/index.php/caminhoaberto/issue/view/97

 

VALDECI REIS

 editor-chefe

 

Referências

 

AGUILERA-PORTALES, Rafael Enrique. Teoria política y jurídica: problemas actuales. Ciudad de México: Porrúa, 2022.

CASTELLS, Manuel. A Sociedade em rede – a era da informação: economia, sociedade e cultura. v. I. São Paulo: Paz e Terra, 2019.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs. v. 1. Tradução de Aurélio Guerra Neto e Célia Pinto Costa. São Paulo: Ed. 34, 2000.

 

[1] Tradução livre do espanhol mexicano.