DISSONÂNCIAS ENTRE O PPP E A PRÁTICA EM SALA DE AULA: UMA EDUCAÇÃO ACRÍTICA, AUTORITÁRIA E MECANICISTA AINDA NÃO SUPERADA

Autores

  • Willian Amphilóquio
  • Kailani Santos da Silva
  • Camilli da Costa Carvalho
  • Mariah Linhares de Abreu
  • Jane Evaristo Moreira

Palavras-chave:

ensino fundamental, alfabetização, Projeto Político Pedagógico (PPP)

Resumo

O presente trabalho se origina da experiência de acadêmicos do curso de Licenciatura Bilíngue (Libras-Português) do IFSC Palhoça Bilíngue enquanto bolsistas do PIBID, atuantes em uma determinada escola da Rede Municipal de Palhoça/SC durante o primeiro semestre de 2025. A partir de observações de uma turma de 1º ano do ensino fundamental e de estudos paralelos referentes à escola, notou-se uma discrepância entre o que propunha o Projeto Político-Pedagógico (PPP) local e o que ocorria em sala de aula. Assim, o objetivo deste projeto é discutir essa relação. O PPP, especificamente, estava alinhado à base curricular da cidade, que estabelecia o uso do método sociointeracionista de Vygotsky, de cunho progressista, no qual a criança é protagonista da sua aprendizagem, e o professor atua como mediador. No entanto, observou-se, em sala, a manifestação de uma educação autoritária, tradicional e mecanicista, que privilegiava a cópia e cujo objetivo último era seu mero caráter burocrático, dado o rigoroso acompanhamento da secretaria de educação, e classificatório, pois visava, antes, o preparo para as provas nacionais de alfabetização, não o desenvolvimento pleno dos estudantes enquanto cidadãos de direitos e deveres. Trata-se de um arranjo preocupante: de um lado, a pressão governamental (deveres e leituras eram registrados em tabela diariamente), e, de outro, a postura ameaçadora e questionável dos educadores – o resultado era o desinteresse dos alunos, a quem as tarefas chegavam sem sentido. Alarmante era, ainda, o que ocorria com as crianças com deficiência: eram expressamente negligenciadas em sala, quando não severamente repreendidas. Nesse contexto, o PPP tornou-se mera formalidade, um objeto para si, ou seja, deixou de ter efeito prático, pois, em certa medida, ignoravam-no diariamente, especialmente a sua orientação metodológica. Assim, frente a tais situações ou mesmo para ações preditivas, nota-se a necessidade de elaborar estratégias para tornar o documento vivo no fazer pedagógico, isto é, claro e presente na memória do corpo docente, com consequências práticas, sem engessar o trabalho.

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Publicado

2025-09-09